domingo, 4 de novembro de 2012

Planos e Ângulos de Gravação


Planos e Ângulos de Gravação

“De todas as Artes, o Cinema é a mais importante
Lênin

Planos de Gravação


Quando você está na praia, seu foco de atenção pode ser o mar e a areia, pode ser o casal entrando na água ou a criança brincando na areia. Cada cena destas pode ser definida como Plano de Gravação.
            O Plano é o “Seletor do Olhar”, é a “Ilusão da percepção real”. Cada Plano de Gravação deve possuir um significado para o espectador, que o auxiliará a compreender melhor a história que queremos contar.
            Podemos gravar nosso cenário, com pessoas e objetos, de vários ângulos e distâncias. Os Planos de Gravação não são regras, nem rígidos, mas sim uma base de entendimento entre a equipe, o Diretor de Fotografia e o Diretor.



Grande Plano Geral (Big Long Shot ou Extreme Long Shot)

     Este é um dos tipos de “Take de Localização”. Com esta imagem criamos uma ambientação e designamos uma localização para a sequencia de imagem que a seguirá. Este Take passa uma idéia de grandeza do local, muitas vezes com o “homem” sendo um item insignificante do cenário. No cinema este plano funciona bem, já na televisão é pouco explorado, por perder os detalhes na tela pequena. Não há uma regra para o tempo de exposição deste Plano, mas em geral precisamos de 8 a 12 segundos para absorver as informações.


Plano Geral (Long Shot)


            O Plano Geral também é um “Take de Localização”, mas é mais fechado e integra mais os personagens ao ambiente. Com este plano podemos mostrar melhor os detalhes do cenário. Psicologicamente, este plano pode passar a idéia de pequenez do “homem”, ou o efeito global de uma ação. Não há uma regra para o tempo de exposição deste Plano, mas em geral precisamos de 5 a 9 segundos para absorver as informações.




Plano Conjunto (Medium Long Shot)




            O Plano Conjunto é utilizado para mostrar um grupo de personagem interagindo no cenário. O Plano Conjunto substitui o Plano Geral na Televisão, pois define melhor os personagens. Existem algumas divergências sobre o Plano Conjunto, pois alguns profissionais definem que quando um personagem, sozinho em cena, está de corpo inteiro também é um Plano Conjunto. No entanto, para melhor definição de termos, utilizaremos a subdivisão Plano Inteiro.


Plano Inteiro (Plano Aberto)



Plano Inteiro, ou Plano Aberto, é utilizado para mostrar o personagem, de corpo inteiro, interagindo com o cenário. Muito similar ao Plano Conjunto, mas diferenciando-se pela quantidade de pessoas em cena. Este plano passa a idéia de uma ação global, na qual o personagem está inserido em um cenário e sua ação se integra ao mesmo. 


Plano Americano (Medium Shot)



            Por consenso, não por regra, podemos definir o Plano Americano como o enquadramento do  personagem do joelho (mais ou menos) até a cabeça. O Plano Americano foi primeiramente utilizado nos filmes de “Velho Oeste”, pois era necessário mostrar o coldre das armas. Se repararmos o nosso dia-a-dia, quando estamos, em pé, conversando com alguém, a vemos em Plano Americano. Por isso, utilizamos este plano para passar ao telespectador a idéia de que ele está participando da cena. Este é um plano que mostra muito movimento do personagem e pouca expressão facial. Pode ser utilizado para demonstrar familiaridade, dramaticidade corporal e ação corporal.



Plano Médio

            Podemos dizer que o Plano Médio enquadra da cintura (mais ou menos) para cima. Este já é um plano bastante intimista, pois possui ação e definição da emoção facial do personagem. O cenário se torna menos importante que o personagem. O valor expressivo e dramático deste plano é grande para a  narrativa.


Plano Próximo (Medium Close-up) 



            O Plano Próximo abrange do tórax para cima. Este plano se assemelha muito ao Plano Médio em termos de narrativa, no entanto, este mostra menos a ação e mais da expressão facial. O Plano Próximo é muito utilizado no Telejornalismo.



Primeiro Plano (Close-Up)





            O Primeiro Plano é a imagem do ombro para cima. Neste plano o que importa é a expressão do personagem. O cenário é o que menos importa. Utilizamos este plano para demonstrar as emoções faciais como amor, alegria, desespero e medo. Muito utilizado como um plano de impacto ou plano para demonstrar a reação do personagem.
 
Primeiríssimo Plano (Primeiro Plano Absoluto, Super-close ou Big Close-Up)




Caracteriza-se por termos o rosto do personagem dominando completamente a cena. Em termos psicológicos, seu uso é similar ao do Primeiro Plano, com maior ênfase a expressão dos olhos, nariz e boca.



Plano Detalhe (Extreme Close-up)


O Plano Detalhe é utilizado para ressaltar determinada ação, parte do corpo (olhos, boca, pés, mão, etc) ou objeto (Logo de um carro, uma fruta, etc).

Campo e Contra-Campo



Utilizamos o Campo e Contra-Campo para estabelecer uma seqüência de conversas. Ao gravarmos uma conversa entre dois personagens ou um personagem olhando para determinado objeto, precisamos estabelecer a localização espacial de ambos. No caso de gravarmos um Plano Conjunto onde os personagens estejam se olhando frente-à-frente, um à esquerda e outro à direita, para depois gravar os personagens em separado (em qualquer dos planos pessoais individuais) devemos atentar para a direção do olhar do personagem.   

  


Imagine, se na conversa, ambos os personagens estivessem frente-à-frente, mas em close estivessem ambos olhando para o mesmo lado? Isso seria uma inversão de eixo. Para contornarmos este problema devemos traçar uma linha imaginária, como na figura acima,  pelos personagens e um ângulo de 180º que a câmera não deverá ultrapassar. Assim, quando um personagem está de frente, o outro está de costas e vice-versa, sem confundirmos a cabeça do espectador.



Ângulos de Gravação

        Tá ok, os planos de gravações foram definidos. Como padrão, estes planos são todos com o ângulo no mesmo nível da testa do objetivo ou centro do objeto. O que acontece se você alterar este ângulo? E se eu gravar mais do alto ou mais baixo? Assim como os planos possuem significados subjetivos, os ângulos também os possuem. Vamos às definições:


Over the Shoulder (Sobre o Ombro)





            Este ângulo é muito utilizado como contra-campo e para estabelecer o que o personagem está vendo. Este enquadramento é muito utilizado em entrevistas também.


Plongée



            Gravar alguém do alto, em Plongée, pode passar intenções diversas. Dependendo do contexto, você pode interpretar o objeto/objetivo como inferior, infantil, insignificante, fraco, pequeno, humilde ou desprezível. Este é um ótimo ângulo para demonstrar menosprezo, mas também a altura de um local.

  
Contra-Plongée


            Sintam o Poder e Glória de minha modelo. Percebam seu olhar... que admira seu brilhante futuro. Ela parece destinada a comandar nosso insignificante planeta. Tudo obra do Contra-Plongée. Essa artimanha já havia sido utilizada para endeusar Lênin (October- de 1927 – Dirigido por Sergei Eisenstein) e Hitler (Triumph of the will – de 1934- dirigido por Leni Riefenstahl).  Obviamente não quero comparar minha modelo a esses dois indivíduos. Mas sim, expressar o que este ângulo de gravação pode realçar. O Contra-Plongée, pode passar diversas intenções, dependendo do contexto. Este ângulo sugere grandeza física ou moral, superioridade, poder, arrogância, força, nobreza e domínio.


Zenital



Este ângulo denota fraqueza, humilhação, insignificância. Obviamente, a interpretação subjetiva desta imagem depende seqüência de imagens que você está utilizando.


  
Nadir (ou supino)






            Este ângulo é similar ao Contra-Plongée, também denota poder, além de dar para ver se a pessoa está com “meleca”. Esteticamente é melhor utilizado com animais voando, aranhas descendo ou objetos similares.

  
Subjetiva



Este ângulo denota raiva da minha modelo, por mim, ao descobrir que seu pagamento será uma citação no final do artigo. Ignorando o meu, quase, sufocamento... Este ângulo é utilizado para expressar a visão do personagem, sua maneira de ver o mundo e as ações que o cercam.


Agradecimentos aos amigos que me auxiliaram, como modelos, neste artigo:

Luba Amaral – Atriz, Dançarina, Professora de Dança, Operadora de Câmera e Editora de Vídeo (em Avid) - http://www.youtube.com/user/lubaamaral
Lucas Younes - Operador de Câmera e Editor de Vídeo (em Premiere) - http://www.youtube.com/user/younesproducoes
  


sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Fundamentos da Captação de Imagens

       A melhor maneira de começarmos é saber: O que “diacho” é enxergar? Vamos acabar com o mito do “presente”... Nós sempre enxergamos o “passado”, mesmo que isso corresponda a milionésimos de segundo. Vou explicar:
        Sacaram? A fonte de luz emite fótons que viajam na velocidade máxima conhecida, a “Velocidade da Luz”, 300.000 Km/s, estes viajam pelos meios, que podem ter densidades variadas, e atingem os objetos. A “Luz” do Sol, para fins de exemplo, é composta por todas as cores do espectro visível, o Arco-Íris. O Objeto que é atingido por esta “luz” absorve determinadas freqüências e reflete outras. Estas freqüências que são refletidas, na verdade, são a “cor” do objeto que vemos. Pois então... Vemos o passado! Já que a Luz não viaja de forma instantânea. Voltaremos à falar da composição da Luz em artigos futuros. Como a Câmera “Enxerga”?
         A Luz passa pelas lentes e atinge o Beam-Splitter (“divisor de raio” em português). O Beam-Splitter funciona como um prisma que vai “dividir” a luz em Vermelho-Azul-Verde e direciona-la a um dos 3 sensores, neste caso o CCD (charge Couple Devices – Dispositivo Binário de Carga).
      A Luz será convertida em sinais eletrônicos que serão armazenados na mídia utilizada pela Câmera. Segundo Ronaldo Morant¹, os sensores CCD e CMOS podem ser definidos assim:
O CCD

        O CCD é um dispositivo eletrônico analógico contendo inúmeros pontos chamados de pixel, onde a luz é captada e convertida em cargas elétricas, onde a sua intensidade é proporcional à intensidade da luz que incidiu naquele ponto. Estas cargas elétricas nos CCDs são então lidas por um circuito eletrônico e convertidas em um sinal elétrico analógico, que passa para um processador dentro da câmera que o converte para sinal elétrico digital, ou seja, todo sinal gerado na câmera, mesmo nas digitais, tem início como um sinal analógico.

O CMOS

Complementary Metal Oxide Semiconductor, ou chips de imagem do tipo CMOS são semelhantes em sua função aos chips do tipo CCD (Charge Coupled Device): destinam-se ao registro eletrônico de imagens projetadas em suas superfícies através das lentes de uma câmera. Exemplo de CMOS para registro de imagem: São semelhantes também no conceito de captura de imagem: chips analógicos conectados a uma grade de pixels formada por elementos fotoelétricos gerando cargas elétricas que, após "lidas" pelo sensor, tem que passar por um processo de conversão analógico-digital para produzir as imagens a serem armazenadas na câmera. A partir deste ponto no entanto, os dois tipos de sensores divergem consideravelmente.

           Em comparação com o CCD, o chip CMOS apresenta consumo bem menor de energia (e consequentemente menor aquecimento) além de utilizar menos elementos eletrônicos (transístores por exemplo) em sua montagem - o chip é menor e mais compacto do que o CCD. Este menor tamanho possibilita a confecção de câmeras também menores. Chips CMOS apresentam menor signal-to-noise (ruído na imagem) em comparação aos CCDs. Isto porque, ao contrário do que ocorre nos CCDs, onde o sinal de cada pixel é passado para seu vizinho até ser direcionado na saída do chip, no CMOS há um amplificador único, no CMOS cada pixel possui seu próprio amplificador independente de sinal de imagem. Esse processo de leitura acarreta menor interferência na imagem. Além disso, amplificadores adicionais podem ser colocados em determinados pontos do CMOS ao longo da cadeia percorrida pelo sinal elétrico, por exemplo reforçando o ganho de sinal de determinada cor (no sistema de chip único, não no de 3 CCDs). Com este ajuste individual é possível refinar o processo de white balance da imagem por exemplo.

             Por outro lado, tradicionalmente a imagem gerada por chips CMOS sempre foi inferior à correspondente imagem gerada por chips CCD, por isto também, tradicionalmente, as câmeras de vídeo empregam normalmente CCDs e não CMOSs, tendo sido estes relegados a câmeras baratas de vigilância durante vários anos. O CCD apresentou também sempre uma melhor resolução dos tons de luminosidade em relação ao CMOS.
 
             Uma das diferenças do CMOS em relação ao CCD é que enquanto o CCD exige outros chips paralelos fora do mesmo para efetuar as tarefas do processo de captura da imagem (como a redução dos "ruídos" da imagem (noise reduction), o processamento do sinal (DSP - Digital Signal Processor) e a conversão analógico-digital (ADC - Analogical Digital Conversion)), no CMOS todas essas tarefas são executadas dentro do próprio chip. Em outras palavras, enquanto o CCD só faz a conversão da luz em cargas elétricas e as tranfere para fora do chip para que todo o processamento da imagem seja feito, o CMOS faz tudo isso dentro do chip, onde podemos resumir que o CMOS é um dispositivo Digital. Essas facilidades se traduzem em menor tamanho ocupado pelo conjunto (menor espaço ocupado dentro da câ mera por exemplo) e também permite tornar programável diversas dessas funções (conferindo flexibilidade ao chip, podendo ser programado para várias situações diferentes). Outra diferença é que o CCD tradicionalmente possui melhor desempenho em condições precárias de luz em comparação ao CMOS, o que, no entanto, também está sendo superado pelo desenvolvimento tecnológico. O aumento no desempenho e qualidade dos sensores de imagem CMOS, tornará seu uso corrente em câmeras de alta definição (HD e HDTV) refletindo-se na diminuição de seu custo final.
¹ Ronaldo Morant
        Com experiência de 30 anos em televisão, vídeo e cinema, atuou como roteirista, diretor, cinegrafista, diretor de fotografia, editor e produtor executivo e domina todo o processo de produção de desenho animado tradicional, da criação de personagens à filmagem em truca de 16mm. Possui ainda larga experiência como repórter cinematográfico em telejornalismo. Graduado e pós-graduado em cinema, é professor universitário nos cursos de Produção Audiovisual e Cinema da Universidade Estácio de Sá e atualmente exerce a função de coordenador do curso de Produção Audiovisual no Campus Tom Jobim - Barra. É também professor dos cursos de Operação de Câmera e Repórter Cinematográfico no Polo Rio Cine e Video, além de produtor executivo e criador da série “ECOS” para TV da Produtora InFilmes - Filmes Independentes. Participou como roteirista, produtor, diretor de fotografia e diretor de 10 curtas-metragens, entre eles Boi na vitrine (1991, como diretor de fotografia), que ganhou o Prêmio de melhor Curta-metragem no Festival de Vídeo de Canelas (RS), e Surpresa (2003, como roteirista, produtor e diretor), vencedor do Prêmio de melhor Curta-metragem no III Festival de Curtas da Estácio (2004) e indicadoo para “melhor filme” no Festival de Cinema de Filmes de Língua Portuguesa (2005).

domingo, 4 de novembro de 2012

Planos e Ângulos de Gravação


Planos e Ângulos de Gravação

“De todas as Artes, o Cinema é a mais importante
Lênin

Planos de Gravação


Quando você está na praia, seu foco de atenção pode ser o mar e a areia, pode ser o casal entrando na água ou a criança brincando na areia. Cada cena destas pode ser definida como Plano de Gravação.
            O Plano é o “Seletor do Olhar”, é a “Ilusão da percepção real”. Cada Plano de Gravação deve possuir um significado para o espectador, que o auxiliará a compreender melhor a história que queremos contar.
            Podemos gravar nosso cenário, com pessoas e objetos, de vários ângulos e distâncias. Os Planos de Gravação não são regras, nem rígidos, mas sim uma base de entendimento entre a equipe, o Diretor de Fotografia e o Diretor.



Grande Plano Geral (Big Long Shot ou Extreme Long Shot)

     Este é um dos tipos de “Take de Localização”. Com esta imagem criamos uma ambientação e designamos uma localização para a sequencia de imagem que a seguirá. Este Take passa uma idéia de grandeza do local, muitas vezes com o “homem” sendo um item insignificante do cenário. No cinema este plano funciona bem, já na televisão é pouco explorado, por perder os detalhes na tela pequena. Não há uma regra para o tempo de exposição deste Plano, mas em geral precisamos de 8 a 12 segundos para absorver as informações.


Plano Geral (Long Shot)


            O Plano Geral também é um “Take de Localização”, mas é mais fechado e integra mais os personagens ao ambiente. Com este plano podemos mostrar melhor os detalhes do cenário. Psicologicamente, este plano pode passar a idéia de pequenez do “homem”, ou o efeito global de uma ação. Não há uma regra para o tempo de exposição deste Plano, mas em geral precisamos de 5 a 9 segundos para absorver as informações.




Plano Conjunto (Medium Long Shot)




            O Plano Conjunto é utilizado para mostrar um grupo de personagem interagindo no cenário. O Plano Conjunto substitui o Plano Geral na Televisão, pois define melhor os personagens. Existem algumas divergências sobre o Plano Conjunto, pois alguns profissionais definem que quando um personagem, sozinho em cena, está de corpo inteiro também é um Plano Conjunto. No entanto, para melhor definição de termos, utilizaremos a subdivisão Plano Inteiro.


Plano Inteiro (Plano Aberto)



Plano Inteiro, ou Plano Aberto, é utilizado para mostrar o personagem, de corpo inteiro, interagindo com o cenário. Muito similar ao Plano Conjunto, mas diferenciando-se pela quantidade de pessoas em cena. Este plano passa a idéia de uma ação global, na qual o personagem está inserido em um cenário e sua ação se integra ao mesmo. 


Plano Americano (Medium Shot)



            Por consenso, não por regra, podemos definir o Plano Americano como o enquadramento do  personagem do joelho (mais ou menos) até a cabeça. O Plano Americano foi primeiramente utilizado nos filmes de “Velho Oeste”, pois era necessário mostrar o coldre das armas. Se repararmos o nosso dia-a-dia, quando estamos, em pé, conversando com alguém, a vemos em Plano Americano. Por isso, utilizamos este plano para passar ao telespectador a idéia de que ele está participando da cena. Este é um plano que mostra muito movimento do personagem e pouca expressão facial. Pode ser utilizado para demonstrar familiaridade, dramaticidade corporal e ação corporal.



Plano Médio

            Podemos dizer que o Plano Médio enquadra da cintura (mais ou menos) para cima. Este já é um plano bastante intimista, pois possui ação e definição da emoção facial do personagem. O cenário se torna menos importante que o personagem. O valor expressivo e dramático deste plano é grande para a  narrativa.


Plano Próximo (Medium Close-up) 



            O Plano Próximo abrange do tórax para cima. Este plano se assemelha muito ao Plano Médio em termos de narrativa, no entanto, este mostra menos a ação e mais da expressão facial. O Plano Próximo é muito utilizado no Telejornalismo.



Primeiro Plano (Close-Up)





            O Primeiro Plano é a imagem do ombro para cima. Neste plano o que importa é a expressão do personagem. O cenário é o que menos importa. Utilizamos este plano para demonstrar as emoções faciais como amor, alegria, desespero e medo. Muito utilizado como um plano de impacto ou plano para demonstrar a reação do personagem.
 
Primeiríssimo Plano (Primeiro Plano Absoluto, Super-close ou Big Close-Up)




Caracteriza-se por termos o rosto do personagem dominando completamente a cena. Em termos psicológicos, seu uso é similar ao do Primeiro Plano, com maior ênfase a expressão dos olhos, nariz e boca.



Plano Detalhe (Extreme Close-up)


O Plano Detalhe é utilizado para ressaltar determinada ação, parte do corpo (olhos, boca, pés, mão, etc) ou objeto (Logo de um carro, uma fruta, etc).

Campo e Contra-Campo



Utilizamos o Campo e Contra-Campo para estabelecer uma seqüência de conversas. Ao gravarmos uma conversa entre dois personagens ou um personagem olhando para determinado objeto, precisamos estabelecer a localização espacial de ambos. No caso de gravarmos um Plano Conjunto onde os personagens estejam se olhando frente-à-frente, um à esquerda e outro à direita, para depois gravar os personagens em separado (em qualquer dos planos pessoais individuais) devemos atentar para a direção do olhar do personagem.   

  


Imagine, se na conversa, ambos os personagens estivessem frente-à-frente, mas em close estivessem ambos olhando para o mesmo lado? Isso seria uma inversão de eixo. Para contornarmos este problema devemos traçar uma linha imaginária, como na figura acima,  pelos personagens e um ângulo de 180º que a câmera não deverá ultrapassar. Assim, quando um personagem está de frente, o outro está de costas e vice-versa, sem confundirmos a cabeça do espectador.



Ângulos de Gravação

        Tá ok, os planos de gravações foram definidos. Como padrão, estes planos são todos com o ângulo no mesmo nível da testa do objetivo ou centro do objeto. O que acontece se você alterar este ângulo? E se eu gravar mais do alto ou mais baixo? Assim como os planos possuem significados subjetivos, os ângulos também os possuem. Vamos às definições:


Over the Shoulder (Sobre o Ombro)





            Este ângulo é muito utilizado como contra-campo e para estabelecer o que o personagem está vendo. Este enquadramento é muito utilizado em entrevistas também.


Plongée



            Gravar alguém do alto, em Plongée, pode passar intenções diversas. Dependendo do contexto, você pode interpretar o objeto/objetivo como inferior, infantil, insignificante, fraco, pequeno, humilde ou desprezível. Este é um ótimo ângulo para demonstrar menosprezo, mas também a altura de um local.

  
Contra-Plongée


            Sintam o Poder e Glória de minha modelo. Percebam seu olhar... que admira seu brilhante futuro. Ela parece destinada a comandar nosso insignificante planeta. Tudo obra do Contra-Plongée. Essa artimanha já havia sido utilizada para endeusar Lênin (October- de 1927 – Dirigido por Sergei Eisenstein) e Hitler (Triumph of the will – de 1934- dirigido por Leni Riefenstahl).  Obviamente não quero comparar minha modelo a esses dois indivíduos. Mas sim, expressar o que este ângulo de gravação pode realçar. O Contra-Plongée, pode passar diversas intenções, dependendo do contexto. Este ângulo sugere grandeza física ou moral, superioridade, poder, arrogância, força, nobreza e domínio.


Zenital



Este ângulo denota fraqueza, humilhação, insignificância. Obviamente, a interpretação subjetiva desta imagem depende seqüência de imagens que você está utilizando.


  
Nadir (ou supino)






            Este ângulo é similar ao Contra-Plongée, também denota poder, além de dar para ver se a pessoa está com “meleca”. Esteticamente é melhor utilizado com animais voando, aranhas descendo ou objetos similares.

  
Subjetiva



Este ângulo denota raiva da minha modelo, por mim, ao descobrir que seu pagamento será uma citação no final do artigo. Ignorando o meu, quase, sufocamento... Este ângulo é utilizado para expressar a visão do personagem, sua maneira de ver o mundo e as ações que o cercam.


Agradecimentos aos amigos que me auxiliaram, como modelos, neste artigo:

Luba Amaral – Atriz, Dançarina, Professora de Dança, Operadora de Câmera e Editora de Vídeo (em Avid) - http://www.youtube.com/user/lubaamaral
Lucas Younes - Operador de Câmera e Editor de Vídeo (em Premiere) - http://www.youtube.com/user/younesproducoes
  


sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Fundamentos da Captação de Imagens

       A melhor maneira de começarmos é saber: O que “diacho” é enxergar? Vamos acabar com o mito do “presente”... Nós sempre enxergamos o “passado”, mesmo que isso corresponda a milionésimos de segundo. Vou explicar:
        Sacaram? A fonte de luz emite fótons que viajam na velocidade máxima conhecida, a “Velocidade da Luz”, 300.000 Km/s, estes viajam pelos meios, que podem ter densidades variadas, e atingem os objetos. A “Luz” do Sol, para fins de exemplo, é composta por todas as cores do espectro visível, o Arco-Íris. O Objeto que é atingido por esta “luz” absorve determinadas freqüências e reflete outras. Estas freqüências que são refletidas, na verdade, são a “cor” do objeto que vemos. Pois então... Vemos o passado! Já que a Luz não viaja de forma instantânea. Voltaremos à falar da composição da Luz em artigos futuros. Como a Câmera “Enxerga”?
         A Luz passa pelas lentes e atinge o Beam-Splitter (“divisor de raio” em português). O Beam-Splitter funciona como um prisma que vai “dividir” a luz em Vermelho-Azul-Verde e direciona-la a um dos 3 sensores, neste caso o CCD (charge Couple Devices – Dispositivo Binário de Carga).
      A Luz será convertida em sinais eletrônicos que serão armazenados na mídia utilizada pela Câmera. Segundo Ronaldo Morant¹, os sensores CCD e CMOS podem ser definidos assim:
O CCD

        O CCD é um dispositivo eletrônico analógico contendo inúmeros pontos chamados de pixel, onde a luz é captada e convertida em cargas elétricas, onde a sua intensidade é proporcional à intensidade da luz que incidiu naquele ponto. Estas cargas elétricas nos CCDs são então lidas por um circuito eletrônico e convertidas em um sinal elétrico analógico, que passa para um processador dentro da câmera que o converte para sinal elétrico digital, ou seja, todo sinal gerado na câmera, mesmo nas digitais, tem início como um sinal analógico.

O CMOS

Complementary Metal Oxide Semiconductor, ou chips de imagem do tipo CMOS são semelhantes em sua função aos chips do tipo CCD (Charge Coupled Device): destinam-se ao registro eletrônico de imagens projetadas em suas superfícies através das lentes de uma câmera. Exemplo de CMOS para registro de imagem: São semelhantes também no conceito de captura de imagem: chips analógicos conectados a uma grade de pixels formada por elementos fotoelétricos gerando cargas elétricas que, após "lidas" pelo sensor, tem que passar por um processo de conversão analógico-digital para produzir as imagens a serem armazenadas na câmera. A partir deste ponto no entanto, os dois tipos de sensores divergem consideravelmente.

           Em comparação com o CCD, o chip CMOS apresenta consumo bem menor de energia (e consequentemente menor aquecimento) além de utilizar menos elementos eletrônicos (transístores por exemplo) em sua montagem - o chip é menor e mais compacto do que o CCD. Este menor tamanho possibilita a confecção de câmeras também menores. Chips CMOS apresentam menor signal-to-noise (ruído na imagem) em comparação aos CCDs. Isto porque, ao contrário do que ocorre nos CCDs, onde o sinal de cada pixel é passado para seu vizinho até ser direcionado na saída do chip, no CMOS há um amplificador único, no CMOS cada pixel possui seu próprio amplificador independente de sinal de imagem. Esse processo de leitura acarreta menor interferência na imagem. Além disso, amplificadores adicionais podem ser colocados em determinados pontos do CMOS ao longo da cadeia percorrida pelo sinal elétrico, por exemplo reforçando o ganho de sinal de determinada cor (no sistema de chip único, não no de 3 CCDs). Com este ajuste individual é possível refinar o processo de white balance da imagem por exemplo.

             Por outro lado, tradicionalmente a imagem gerada por chips CMOS sempre foi inferior à correspondente imagem gerada por chips CCD, por isto também, tradicionalmente, as câmeras de vídeo empregam normalmente CCDs e não CMOSs, tendo sido estes relegados a câmeras baratas de vigilância durante vários anos. O CCD apresentou também sempre uma melhor resolução dos tons de luminosidade em relação ao CMOS.
 
             Uma das diferenças do CMOS em relação ao CCD é que enquanto o CCD exige outros chips paralelos fora do mesmo para efetuar as tarefas do processo de captura da imagem (como a redução dos "ruídos" da imagem (noise reduction), o processamento do sinal (DSP - Digital Signal Processor) e a conversão analógico-digital (ADC - Analogical Digital Conversion)), no CMOS todas essas tarefas são executadas dentro do próprio chip. Em outras palavras, enquanto o CCD só faz a conversão da luz em cargas elétricas e as tranfere para fora do chip para que todo o processamento da imagem seja feito, o CMOS faz tudo isso dentro do chip, onde podemos resumir que o CMOS é um dispositivo Digital. Essas facilidades se traduzem em menor tamanho ocupado pelo conjunto (menor espaço ocupado dentro da câ mera por exemplo) e também permite tornar programável diversas dessas funções (conferindo flexibilidade ao chip, podendo ser programado para várias situações diferentes). Outra diferença é que o CCD tradicionalmente possui melhor desempenho em condições precárias de luz em comparação ao CMOS, o que, no entanto, também está sendo superado pelo desenvolvimento tecnológico. O aumento no desempenho e qualidade dos sensores de imagem CMOS, tornará seu uso corrente em câmeras de alta definição (HD e HDTV) refletindo-se na diminuição de seu custo final.
¹ Ronaldo Morant
        Com experiência de 30 anos em televisão, vídeo e cinema, atuou como roteirista, diretor, cinegrafista, diretor de fotografia, editor e produtor executivo e domina todo o processo de produção de desenho animado tradicional, da criação de personagens à filmagem em truca de 16mm. Possui ainda larga experiência como repórter cinematográfico em telejornalismo. Graduado e pós-graduado em cinema, é professor universitário nos cursos de Produção Audiovisual e Cinema da Universidade Estácio de Sá e atualmente exerce a função de coordenador do curso de Produção Audiovisual no Campus Tom Jobim - Barra. É também professor dos cursos de Operação de Câmera e Repórter Cinematográfico no Polo Rio Cine e Video, além de produtor executivo e criador da série “ECOS” para TV da Produtora InFilmes - Filmes Independentes. Participou como roteirista, produtor, diretor de fotografia e diretor de 10 curtas-metragens, entre eles Boi na vitrine (1991, como diretor de fotografia), que ganhou o Prêmio de melhor Curta-metragem no Festival de Vídeo de Canelas (RS), e Surpresa (2003, como roteirista, produtor e diretor), vencedor do Prêmio de melhor Curta-metragem no III Festival de Curtas da Estácio (2004) e indicadoo para “melhor filme” no Festival de Cinema de Filmes de Língua Portuguesa (2005).